Saúde

Estudos testam alternativas para desacelerar o relógio biológico

desacelerar o relógio biológico
desacelerar o relógio biológico
Written by Redação Multidea

A corrida científica para desacelerar o relógio biológico humano ganhou força nos últimos anos. Laboratórios de pesquisa em universidades como Harvard e Imperial College London vêm aprofundando os estudos sobre mecanismos celulares do envelhecimento, com resultados que podem impactar a compreensão desse processo natural.

Não é de hoje que a ciência tem avançado nessa área, e como consumir coenzima Q10 para manutenção de níveis adequados pode ser um meio de auxiliar no atraso do envelhecimento celular. Um estudo publicado no Journal of Clinical Investigation indicou que a CoQ10 melhora a função cardíaca em idosos – um parâmetro considerado vital para avaliar a saúde geral e a longevidade.

As pesquisas não param na suplementação. Cientistas investigam simultaneamente outras abordagens para atrasar o envelhecimento: medicamentos, terapias hormonais e manipulação genética despontam como alternativas. 

Poder antioxidante no combate ao tempo

A coenzima Q10 emerge como aliada contra o envelhecimento celular. Presente naturalmente no organismo, a substância exerce função antioxidante, neutralizando radicais livres e diminuindo o dano oxidativo – processo ligado ao envelhecimento.

“Estudos demonstram que a coenzima Q10 ajuda a preservar a integridade das células e tecidos, contribuindo para a saúde e funcionamento ótimo do organismo”, afirma o médico ginecologista Ítalo Rachid. Com o envelhecimento, os níveis naturais de coenzima Q10 tendem a diminuir no corpo, tornando sua reposição um tópico para a medicina preventiva.

Carnes, peixes, nozes e alguns óleos vegetais contém coenzima Q10, mas em quantidades que costumam ser insuficientes. Por isso, a suplementação – sempre sob supervisão médica – vem ganhando espaço. 

Os efeitos da creatina no corpo feminino são vários, como aumentar a força, a resistência e a massa muscular. Também pode ajudar a melhorar a cognição, a saúde dos ossos e a reduzir o risco de doenças do coração. Por isso, a creatina também é apontada como alternativa para atrasar  o envelhecimento.

Aumento de quase 25% de expectativa de vida 

Um experimento publicado na Nature revelou um medicamento capaz de estender em quase 25% a expectativa de vida de animais de laboratório. Aqueles que receberam o composto ganharam o apelido de “vovós supermodelos”, uma brincadeira que fazia referência à aparência surpreendentemente jovem dos animais.

A pesquisa, conduzida por equipes do Laboratório de Ciências Médicas MRC, Imperial College London e Duke-NUS Medical School (Cingapura), focou na interleucina-11, proteína cujos níveis se elevam com o passar dos anos. O medicamento testado é um anticorpo que neutraliza essa proteína.

“Embora nosso trabalho tenha sido feito em ratos, esperamos que essas descobertas sejam altamente relevantes para a saúde humana”, comentou a pesquisadora Anissa Widjaja, da Duke-NUS Medical School, ressaltando que resultados semelhantes foram observados em estudos com células e tecidos humanos.

Outras substâncias também estão na mira dos pesquisadores, como a metformina (usada no tratamento de diabetes tipo 2) e a rapamicina (aplicada para prevenir rejeição em transplantes).

É possível evitar as rugas?

O projeto Atlas das Células Humanas trouxe à tona uma descoberta que pode ter implicação direta na redução de rugas. Pesquisadores conseguiram não apenas identificar como o corpo humano produz pele a partir de células-tronco, mas também reproduzir pequenas porções de tecido cutâneo em laboratório.

“Se pudermos manipular a pele e evitar o envelhecimento, teremos menos rugas”, afirma a cientista Muzlifah Haniffa, do Instituto Wellcome Sanger, em entrevista ao jornal britânico BBC. Ela vai além: compreender as transformações celulares desde os primeiros estágios de desenvolvimento até a terceira idade abre possibilidades para “rejuvenescer os órgãos, deixar o coração mais jovem, tornar a pele mais jovem”.

Os primeiros resultados já surgiram. Em ambiente controlado, pesquisadores desenvolveram estruturas cutâneas das quais brotaram folículos pilosos – um passo modesto, mas significativo para o tratamento futuro dos sinais do tempo na pele.

Envelhecimento é mesmo inevitável?

“Ao contrário do que pensamos hoje, envelhecer não é inevitável”. A afirmação polêmica vem do pesquisador de Harvard com mais de 200 mil seguidores nas redes sociais e autor do best-seller “Tempo de Vida”, David Sinclair.

Como a ciência é um trabalho coletivo, não é só Sinclair quem avança nesse campo. A cientista Elizabeth H. Blackburn, laureada com o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2009, abriu novos horizontes ao descobrir a sequência dos telômeros, estabelecendo conexões entre essas estruturas, o envelhecimento e o câncer.

Reposição hormonal ajuda?

A reposição hormonal pode desacelerar o envelhecimento feminino, desde que iniciada no momento certo. É o que demonstra um estudo chinês que acompanhou mais de 110 mil mulheres com idade média de 60 anos e constatou que aquelas que começaram o tratamento aos 55 anos apresentaram ritmo biológico de envelhecimento mais lento.

No entanto, o chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), José Maria Soares Júnior, faz uma ressalva importante. Em entrevista à imprensa, ele destaca que o tratamento hormonal não tem como principal foco o antienvelhecimento. Mas torna tardia alterações cardiovasculares e neurológicas que podem ocorrer durante a menopausa.