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A indústria brasileira de máquinas e equipamentos iniciou 2025 com sinais de recuperação. Dados setoriais indicam um avanço de 19,5% na receita líquida em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, totalizando R$ 20,5 bilhões. O desempenho confirma e intensifica a tendência de melhora observada desde o segundo semestre de 2024, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
No mercado interno, principal motor dessa recuperação, o levantamento mostra que o faturamento chegou a R$ 15,6 bilhões, o que corresponde a um salto de 32,3% em relação a janeiro de 2024. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) corrobora o cenário favorável ao apontar que o segmento de máquinas e equipamentos registrou influência positiva de 6,9% em janeiro, interrompendo três meses consecutivos de queda com correção sazonal.
Isso implica incentivar o uso de ferramentas que ajudam empresas a determinar quais materiais são necessários, em que quantidade e quando devem ser adquiridos para atender às demandas de produção. Nesse sentido, os empresários têm tentado compreender quais são os tipos de MRP (Material Requirements Planning) a fim de investir na tecnologia para otimizar a gestão de materiais e produção, contribuindo para o resultado favorável.
Expansão atinge 13 de 25 segmentos industriais
Conforme levantamento da Fiesp, diferentes setores apresentaram resultados positivos em janeiro. Veículos automotores, reboques e carrocerias cresceram 3%, enquanto as indústrias de borracha e material plástico avançaram 3,7%. Destaque também para o segmento de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados, com aumento de 9,3%, além dos produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que registraram crescimento de 4,8%.
Na análise por categorias, o segmento de bens de capital foi destaque com alta de 4,5%. Bens de consumo duráveis seguiram ritmo semelhante, com avanço de 4,4%, enquanto bens de consumo semi e não duráveis cresceram 3,1%. Apenas a categoria de bens intermediários, que engloba produtos destinados a outras indústrias, como aço, plástico e borracha, apresentou retração, com queda de 1,4%; um sinal que pode indicar a redução na produção de outros setores.
Entre os 25 segmentos analisados pela Fiesp este ano, 13 estavam em aceleração, 11 seguiram estáveis e apenas um apresentou desaceleração, configurando um panorama majoritariamente positivo para o início do ano.
BNDES lidera pacote de R$ 300 bilhões para renovação industrial
Um dos fatores que impulsionam essa reação da indústria é o programa “Nova Indústria Brasil”, que prevê injeção de recursos de R$ 300 bilhões no setor até 2026. O BNDES será o principal gestor desses recursos, respondendo por cerca de R$ 250 bilhões. O montante será administrado em conjunto com outras entidades, como a Finep e a Embrapii.
O programa está alinhado ao projeto de depreciação imediata, enviado ao Congresso no início de janeiro, que busca estimular a renovação do parque industrial brasileiro, permitindo dedução acelerada do lucro real para valores investidos em equipamentos: 50% no primeiro ano e 50% no segundo.
Robótica e automação transformam processos produtivos
As empresas do setor têm implementado diferentes categorias de KPI para monitorar seu desempenho e eficiência produtiva na tentativa de se adequarem às novas exigências do mercado.
A adoção de tecnologias avançadas tem servido como alavanca para o setor. Robótica industrial, automação e Inteligência Artificial representam oportunidades de ganhos em eficiência, aumento da qualidade e redução de custos.
O Brasil busca reforçar sua posição como fornecedor de tecnologia para o setor de mineração. A participação na Expomin 2025, maior feira do segmento na América Latina, contou com número recorde de 18 fabricantes nacionais de máquinas e equipamentos, apoiados pelo projeto Brazil Machinery Solutions, fruto da parceria entre a Abimaq e a ApexBrasil.
Consumo doméstico sustenta demanda
Apesar dos resultados animadores no início do ano, a Fiesp projeta crescimento mais contido para o setor industrial em 2025, na ordem de 1,3%, ritmo inferior ao registrado em 2024, quando o PIB industrial expandiu 3,8%, e a produção cresceu 3,1%.
Para o segmento de máquinas e equipamentos, o horizonte aparenta ser mais promissor: a expectativa é de crescimento de 3,7% na receita total de vendas em 2025, o que interromperia três anos consecutivos de queda, segundo dados da Abimaq.
O cenário externo, contudo, impõe desafios. As exportações do setor recuaram 22,3% em janeiro comparado ao mesmo período de 2024, somando US$ 818 milhões, conforme dados da balança comercial. Em contrapartida, as importações cresceram 19,3%, atingindo US$ 2,7 bilhões, o maior volume já registrado para um mês de janeiro. A China se consolida como principal fornecedora, respondendo por 36% das máquinas importadas.