Carreira

Mobilidade de talentos é alternativa para diminuir turnover

Mobilidade de talentos é alternativa para diminuir turnover
Mobilidade de talentos é alternativa para diminuir turnover
Written by Redação Multidea

Estratégia pode reduzir rotatividade em até três vezes mais do que aumentos salariais

Organizações com programas de mobilidade interna bem estabelecidos apresentam mais do que o dobro de chances de alcançar crescimento na receita, conforme revela o relatório global da EY de 2025. O estudo confirma que a rotatividade de funcionários segue como um dos principais desafios corporativos, mas são poucas as empresas, inclusive brasileiras, que utilizam essa solução. 

Os dados coletados pela EY mostram que  48% dos empregadores enfrentam dificuldades para encontrar talentos qualificados, enquanto 74% afirmam que o preenchimento de posições seniores pode levar mais de um ano. As organizações, porém, continuam negligenciando profissionais que já estão em seus quadros. Essa lacuna é considerada uma oportunidade desperdiçada. Seja por meio de um departamento interno ou pelo  RH terceirizado, é possível estruturar o melhor aproveitamento dos talentos da equipe.

A mobilidade interna de talentos abrange desde movimentações laterais, quando funcionários migram para diferentes áreas mantendo o mesmo nível hierárquico, até promoções verticais e transferências geográficas. O professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Paul Ferreira, responsável pela metodologia do índice Engaja S/A, explica que “a rotatividade no Brasil é bastante elevada e, quando olhamos a avaliação de mobilidade interna, entendemos exatamente o porquê: os profissionais se frustram com as opções de carreira dentro das empresas e acreditam que só irão crescer se mudarem de emprego”, relata à imprensa.

A líder de marketing da empresa de Recursos Humanos Conexão Talento, Mariana Cunha, concorda que o turnover é um dos principais problemas enfrentados pelas organizações. “É um grande desafio porque impacta diretamente a produtividade, gera custos elevados de recrutamento e treinamento e afeta a cultura organizacional”, explica. “Além disso, quando a rotatividade é alta, os colaboradores que permanecem acabam sentindo esse reflexo, o que pode comprometer o engajamento e a percepção de estabilidade dentro da empresa.”

Para ela, o trabalho dos profissionais de RH deve ser preventivo e estratégico a fim de entender as causas do turnover para atuar em várias frentes. Entre as ações, ela destaca “melhorar o processo de recrutamento e seleção, garantindo alinhamento entre perfil e cultura; investir em integração e desenvolvimento contínuo; construir planos de carreira claros; valorizar e reconhecer os profissionais; e fomentar um ambiente organizacional saudável.”

Com relação à mobilidade interna, ela acredita que também pode ser uma alternativa eficiente para combater o problema. “É uma estratégia que mantém os profissionais dentro da empresa, aproveita o conhecimento já existente e oferece novas perspectivas de crescimento”, pontua. “Para que funcione bem, a empresa deve fazer um mapeamento estruturado de competências, criar trilhas de desenvolvimento alinhadas ao negócio, comunicar de forma clara e transparente as oportunidades, preparar as lideranças para apoiar o processo, incentivando conversas de carreira e entendendo que a mobilidade faz parte de uma jornada saudável dentro da organização”, alerta.

Estagnação profissional supera insatisfação salarial

Dados da segunda edição do índice Engaja S/A mostram que 25% dos trabalhadores brasileiros estão insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a mobilidade interna nas empresas. Entre esses profissionais, 23,5% pensam frequentemente em pedir demissão. O estudo revela, ainda, que a sensação de estagnação no trabalho é um dos principais motivos para desligamento voluntário.

Pesquisas internacionais corroboram as informações. Estudos conduzidos por pesquisadores da MIT Sloan School of Management, da Stern School of Business da Universidade de Nova York e da Revelio Labs indicam que oportunidades de carreira laterais são quase três vezes mais importantes do que a remuneração quando se fala em retenção de funcionários. Dados da Gartner apontam que a falta de oportunidades de crescimento dentro das organizações figura como o principal fator de desengajamento, superando a insatisfação com remuneração.

Reconhecendo que os processos tradicionais de recrutamento e seleção para empresas demandam tempo e recursos, 85% dos respondentes do relatório da EY consideram que atribuições de mobilidade podem ser transformadoras, enquanto 48% afirmam que tais experiências aumentam a probabilidade de permanecer com o empregador atual.

Tecnologia acelera processos e reduz custos operacionais

O relatório da EY também registra aumento de quase 60% na adoção de Inteligência Artificial (IA) generativa. As soluções que utilizam a tecnologia automatizam tarefas como preparação de documentos e análise de dados, liberando o RH para atividades estratégicas de maior valor agregado.

Empresas com funções de mobilidade consolidadas demonstram maior eficiência: 68% monitoram avaliações de desempenho pós-mobilidade, 63% medem impacto na receita, 59% acompanham taxas de promoção após transferências e 53% controlam velocidade de preenchimento de vagas. Essas organizações implementam o dobro de processos totalmente automatizados e terceirizados comparadas às suas contrapartes menos desenvolvidas.O aspecto financeiro também favorece investimentos em mobilidade: o relatório da EY mostra que 96% dos profissionais de mobilidade expressam desejo de reduzir custos operacionais, objetivo que se torna mais factível através de realocações internas comparadas a processos tradicionais de contratação externa.